Diferenças e (des)igualdades: atitudes de professores/as face à diversidade de gênero nos liceus profissionais “masculinos” na frança (traduit en brésilien par Avelino Aldo de Lima Neto)
Résumé
O presente artigo examina a maneira pela qual as meninas, numerica-mente minoritárias nos percursos escolares “masculinos” (tecnológicos e profissionais) dos liceus profissionais franceses, percebem as atitudes de seus professores em relação a grupos e/ou classes mistos. A partir dessas percepções e de minhas observações, analiso como essas atitudes podem influenciar na (re)produção ou no questionamento da ordem de gênero no interior desses espaços escolares. Três tipos de atitudes e gestão de grupos/classes mistos, por parte dos professores, foram iden-tificados. O primeiro caracteriza-se por produzir diferenças, rejeitando concomitantemente as meninas, criando, assim, desigualdades explíci-tas. O segundo é marcado pela fabricação de distinções, supervalori-zando o feminino e reproduzindo desigualdades sem problematizá-las. Por fim, o terceiro não age a partir de diferenças, havendo nele, porém, uma subdivisão: os “progressistas” e os “igualitaristas reflexivos”. Essas formas de gestão ajudam a modular a influência do gênero nas situações observadas. Ao considerar que as demandas de acesso das meninas aos percursos industriais são aceitas por grande parte dos professores, e que as falas destes últimos em favor delas são muitas vezes sinceras, parece que não é tão fácil pôr em prática esse discurso da igualdade. Tal constatação se deve ao fato de, notadamente, meninas e meninos não raro serem considerados fundamentalmente diferentes.