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Chapitre D'ouvrage Année : 2017

Héroïsme, guerre et imaginaire: Racines médiévales et socioculturelles du sébastianisme dans l'Etat du Maranhão, au Brésil

"Heroísmo, Guerra e Imaginário: Raízes Medievais e Socioculturais do Sebastianismo Maranhense"

Rosuel Lima-Pereira

Résumé

No século XVI, o reino português consolida-se como Estado moderno ao mesmo tempo que um discurso proto-histórico sobre a origem da nação emerge. Estes dois eventos simbólicos estão intimamente relacionados com a batalha de Alcácer Quibir e a sua mitificação. Esta batalha acontece no dia 04 de agosto de 1578 e é comandada pelo rei mancebo e guerreiro, o último cruzado, Dom Sebastião de Portugal (1557-1578). Ao desaparecer com a idade de 24 anos, Dom Sebastião é o último herdeiro direto da segunda Casa reinante portuguesa, os Aviz. Este desaparecimento alimentará tanto as reflexões proto-históricas sobre a origem da nação, como dará também nascimento a uma manifestação complexa de uma das representações do imaginário da cultura lusófona, o sebastianismo. O sentimento sebastianista é uma crença construída em torno da derrota na África. No sentido teleológico trata-se da crença em um destino providencial da nascente nação portuguesa; quanto ao seu sentido escatológico essa crença refere-se a atuação apostólica do reino português perante as outras nações, católicas ou pagãs, desejada por Deus. Partindo dessa constatação, nosso estudo fundamenta-se nas interpretações segundo as quais o desaparecimento do rei Dom Sebastião é de ordem mística e mítica. Assim sendo, toda a história do império português é interpretada como uma forma de purgar os pecados do reino, de sobremaneira a perda por Portugal da sua independência em favor da Casa de Habsburgo. Historicamente, o sebastianismo é uma crença nascida de um sentimento patriótico e rebelde do povo português e sua recusa em submeter-se a dominação espanhola (1580-1640). O último representante direto da casa de Aviz, durante o seu reinado muito impopular, torna-se depois de seu desaparecimento, um ícone simbólico da emancipação política e da salvação do império. A mitificação do rei Dom Sebastião é uma reinterpretação dos valores religiosos judaico-cristãos enraizados nas interpretações simbólicas oriundas da Matéria de Bretanha, nos contos de cavalaria e no pensamento milenarista do monge cisterciense Joaquim de Flore (1132-1202). A mitificação do rei Dom Sebastião em Portugal, e consequentemente no Brasil colonial, decorre do spatium vacuum, o espaço vazio, que existe entre o real eo imaginário, o profano eo sagrado, entre história e lenda vivida e narrada por uma comunidade. É particularmente sobre este aspecto da memória coletiva que nosso estudo se apoia. Pretendemos abordar as raízes medievais da crença sebastianista através de seus valores psicológicos, políticos e sociais relacionados ao contexto espaço-temporal da cristianização e da formação do reino português. Em seguida, percorreremos rapidamente do Brasil colonial (15001822), passando pelo Brasil Império (1822-1889), até o Brasil República (1889-2015), as representações socio-culturais do sebastianismo no imaginário brasileiro. Com efeito, essa crença real, às vezes é vista como supersticiosa e aproxima-se de um certo fanatismo religioso visto que esta crença está enraizada em interpretações bíblicas e esotéricas do Talmud e da Cabala. Enfim, analisaremos o sebastianismo no Maranhão, híbrido, sincrético e miscigenado.
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Citer

Rosuel Lima-Pereira. "Heroísmo, Guerra e Imaginário: Raízes Medievais e Socioculturais do Sebastianismo Maranhense" . Historia Antiga e Medieval. Conflitos sociais, guerras e relações de gênero: Representações e violência., VI, Editora UEMA, pp.365-374, 2017, Historia Antiga e Medieval. 978-85-8227-179-7. ⟨hal-01642394⟩
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